sexta-feira, 20 de maio de 2011

Na contramão do Brasil, DF vê desigualdade crescer, diz Ipea

A desigualdade de renda no Distrito Federal aumentou nos últimos anos num movimento contrário ao que vem sendo verificado no Brasil, aponta estudo divulgado nesta sexta-feira (20) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
O documento mostra que a renda per capita média diária no Distrito Federal cresceu mais e em velocidade maior do que na média do país. Entre 2003 e 2008, essa renda no DF passou de US$ 15,4 para US$ 24,9, ante uma variação nacional de US$ 8,1 para US$ 12,1.
Entretanto, a desigualdade no DF, que já era maior do que a média brasileira, continuou subindo nos últimos anos. Aplicando o índice de Gini (que varia de 0 a 1, sendo 1 a maior desigualdade possível), o estudo mostra que a desigualdade em Brasília e entorno foi de 0,60 para 0,61 entre 2005 e 2009 – e deve aumentar.
No mesmo período, a desigualdade no Brasil como um todo medida pelo índice de Gini passou de 0,57 para 0,54, com tendência de continuar em queda.
“Em Brasília, a renda está aumentando mais rápido do que no Brasil. Só que isso não significou queda na desigualdade porque quem ganhou esse aumento de renda foram os mais ricos. No restante do Brasil, esse aumento de renda verificado nos últimos anos, apesar de mais lento, chegou aos mais pobres”, disse o diretor de Estudos e Políticas Sociais do Ipea e autor do estudo, Jorge Abrahão de Castro.
De acordo com ele, a situação está ligada ao grande número de funcionários públicos em Brasília e à recuperação do poder de compra dessas pessoas a partir de 1999.
“Mas o dinamismo do mercado de trabalho do DF, que é basicamente de serviços, não consegue fazer com que isso repercuta para os mais pobres”, apontou Castro.
O levantamento revelou ainda que o percentual de pessoas que vivem em situação de pobreza extrema (com renda domiciliar per capita inferior a R$ 67) no DF é inferior à média nacional (4,7% contra 14%). E que os pobres da região tem, em média, 4,3 anos de estudo, ante média brasileira de 3,1 anos.
Entre os extremamente pobres do DF, 67,5% vivem em moradias adequadas (a média brasileira é de 45%), 90,6% estão em casas com água encanada, coleta de esgoto e de lixo (29,7%) e 100% têm iluminação elétrica (93,4%).

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